quinta-feira, 23 de maio de 2013

Rendimento de Custo de Produção

Quero através desta postagem fazer uma reflexão sobre o conceito de "Rendimento" de produção na apuração do Custo do produto.

Vejamos então dois exemplos para que a proposta fique clara. São integrantes da minha experiência profissional.

Exemplo 1

No processo siderúrgico um laminador de Chapas Grossas é alimentado por Placas de Aço produzidas na Aciaria que, aquecidas, passam pelo laminador repetidas vezes, visando sofrer redução da espessura através do ajuste automático dos cilindros de laminação, conforme programado. Esse processo de transformação de Placa em Chapa Grossa promove o estiramento tanto no comprimento quanto na largura do material e, consequentemente, redução da espessura, gerando bordas irregulares que precisam ser aparadas para finalizar o processo programado. As aparas geradas no processo são denominadas “Sucata de Aço”.

- As aparas representam custo ou perda? A minha resposta é: depende.

Como é conhecido, a “Sucata de Aço” na siderurgia retorna ao processo na Aciaria como componente do “mix” de matérias-primas do processo, e o valor considerado para a sucata na Aciaria constitui crédito na formação do custo da Chapa Grossa no Laminador; ou seja, debita-se na Aciaria (lá ela é custo de produção) e credita-se no Laminador de Chapas Grossas (aqui é um redutor do custo de produção). O critério de valoração da sucata é tema para outro post. Se a sucata gerada no laminador não tivesse utilidade no processo de produção do aço ou não tivesse mercado de consumo, ela também não seria perda, pelo motivo que vem logo a seguir. Tecnicamente para cada tonelada de Chapa Grossa produzida seria necessário alguns quilogramas a mais de Placa de Aço por causa rendimento menor que 100% no laminador de Chapas Grossas; consideremos para efeito didático um Rendimento de 90,4% ( = 90,4%), logo, o Consumo Padrão de MP = 1 / 0,904 = 1,10619 t. Neste caso para produzir 1.000 Kg de Chapas Grossas são necessários 1.106,19 Kg de Placa de Aço. Considerando estatisticamente que a variância permaneça dentro dos limites calculados no Desvio Padrão, (LI) e (LS), o rendimento é considerado normal. Porém, ocorrendo uma maior demanda de MP superando o LS, algo está errado e precisa ser investigado. Esta diferença dever ser tratada como Perda, partindo do conceito de que Perda "é um bem ou serviço consumido de forma anormal e involuntária". A causa da perda no processo, uma vez identificada através de ferramentas de controle de processo, deve ser justificada e uma ação para resolução do problema deve ser tomada para que o processo produtivo retorne à normalidade.


Exemplo 2

O que foi exposto no exemplo 1 é muito comum também na Produção Industrial de Polpas de Frutas. O Maracujá e o Morango, por exemplo, têm um rendimento em torno de 25% e 80%, respectivamente. O que está sendo produzido é Polpa. Semente e casca é a parte do produto gerado que não tem utilidade, a princípio. A Perda pode ocorrer pela escolha mal feita da MP e por falha no processo de despolpa. É comum encontrar um maracujá muito pesado que tem seu peso, em grande parte, influenciado pela espessura da casca e não pelo volume de polpa. A recíproca também é verdadeira. Para ser competitivo, o produtor de polpa deve identificar qual fornecedor ou variedade da fruta que tem melhor rendimento em função do maior volume de polpa em detrimento do volume de casca. Até então, o que sobra é como a sucata de aço que não tem outra aplicação. No momento em que se encontrar aplicação para a sobra haverá redução de custo pela geração de um subproduto ou pela Receita Não Operacional decorrente da venda do material que não tem utilidade na produção de polpa.

Aqui está mais uma contribuição ao tema "Contabilidade de Custos". Voltaremos neste tema em breve.

Nerisvalson C. de Vasconcelos.

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